Programa Criando Juntos, da plataforma digital De Criança Para Criança, registra aumento de até 1,5 ponto nas notas dos alunos, 35% mais acertos e 27% menos erros
O uso de metodologias ativas tem ganhado cada vez mais espaço na educação. Os rápidos avanços tecnológicos e a ressignificação do ensino exigem novos comportamentos dentro e fora das escolas. A metodologia ativa é um conjunto de práticas pedagógicas para incentivar alunos a aprenderem de forma autônoma e participativa, a partir de situações reais. Ela surgiu na década de 1980, como alternativa à aprendizagem passiva, em que o professor fala e os alunos escutam. Quarenta anos depois, no entanto, apenas 46,6% dos professores afirmam utilizar metodologias ativas e 40% ainda utilizam a tradicional, segundo pesquisa da revista Research, Society and Development, divulgada no ano passado.
O levantamento, feito com professores do ensino fundamental e médio, aponta que a maioria dos professores, 65,7%, reconhecem as metodologias ativas como centrais em melhorias de aprendizagem. Ainda conforme a pesquisa, 62.9% dos professores disseram conhecer um pouco sobre as metodologias ativas e 45,7% deles afirmaram que obtiveram muitas melhorias na aprendizagem de seus alunos com a utilização desses recursos.
O estudo considera esses subsídios metodológicos oportunizam um espaço de trocas e promovem a construção do conhecimento de forma lúdica, contextualizada e ativa o estudante como agente responsável pela construção do próprio conhecimento.
O Portal Educação Pública elencou, em um levantamento de 2020 com professores do Rio de Janeiro, os dois principais recursos aplicados pelos que utilizam a metodologia ativa. Entre os entrevistados, 72% disseram que aplicam recursos de aprendizagem baseada em projetos, 52% atuam com aprendizagem baseada em problemas e entre pares ou times. Metodologias imersivas, mão na massa e ensino híbrido são usados por apenas 20% dos entrevistados.
O estudo também mostrou que a metodologia ativa é usada por 70% dos docentes da escola pública e 92% das privadas. Os educadores disseram que esse método de ensino contribui para desenvolver autonomia, desempenho cognitivo, senso crítico, participação, responsabilidade, concentração, criatividade, solução de problemas, gosto por aprender, confiança, colaboração e aspectos socioemocionais.
Criando Juntos
A metodologia Criando Juntos, do programa educacional De Criança Para Criança (DCPC), se mostrou um importante aliado para reter, ampliar e fortalecer o conhecimento dos alunos. A metodologia estimula o interesse dos estudantes por diferentes aspectos das disciplinas escolares. Os alunos, sob a mentoria do professor, criam histórias, desenham e narram essas histórias, baseadas nos conteúdos propostos pelas diferentes áreas do conhecimento.
Uma pesquisa promovida pelo De Criança Para Criança em seis escolas de diferentes cidades paulistas, mostrou que o desempenho dos alunos melhorou significativamente com a utilização da metodologia, em comparação com as turmas em que o professor não aplicou. Segundo o estudo, houve aumento de 0,5 a 1,5 ponto nas notas das turmas que utilizaram o recurso. Aumento de 35% nos acertos de questões em testes de desempenho e redução de 27% dos erros.
“Pudemos demonstrar, através da pesquisa, o que já havíamos constatado em relatos de alunos, pais e professores. A aplicação da metodologia Criando Juntos melhora a retenção dos conteúdos trabalhados, reduz os erros e aumenta os acertos”, afirma o cofundador da DCPC, Vítor Azambuja. Segundo ele, foram selecionadas turmas diferentes do mesmo ano em cada escola para realizar o estudo, uma delas com o currículo regular e outra utilizando o Criando Juntos. Participaram da pesquisa 412 alunos de escolas de São Paulo, Campinas, Indaiatuba, Vinhedo e Itu. Elas tiveram aumento de 8% a 12,5% na nota média.
O Criando Juntos já desenvolveu mais de 1500 animações a partir do protagonismo infantil dentro das salas de aula, 132 filmes foram produzidos em libras e áudio descrição. Todos os conteúdos estão disponíveis gratuitamente no canal do YouTube e na EncicloKids, a enciclopédia de animações do DCPC.
Construção de conhecimento
A diretora do colégio Progresso Bilíngue, Karla Lacerda, defende o processo de ensino-aprendizado focado em metodologias ativas. Ela afirma que a educação deve garantir o processo de construção de conhecimento pelo aluno de forma reflexiva, com uma leitura objetiva de suas habilidades e competências em cada área do conhecimento, levando em conta diferentes evidências de aprendizagem com trabalho em grupo e projeto de pesquisa individual.
Segundo Karla, em um mundo fluido e cada vez mais digital, a escola assume o papel de formar pessoas com habilidades técnicas para o uso de diferentes tecnologias e com competências desenvolvidas para dar significado às ferramentas a partir de sua aplicabilidade social e humana. “Um sistema pedagógico integrado usa intencionalmente os recursos tecnológicos disponíveis em um modelo escolar híbrido, que assegura a continuidade do ensino iniciado na escola em um formato planejado de acordo com as particularidades de cada aluno”, alega.
A diretora comenta que o bilinguismo não pode ficar de fora porque abrange ganhos no desenvolvimento pessoal e acadêmico. O resultado de uma educação baseada em metodologia ativa, conforme ela, potencializa a criatividade, habilidade para adaptar-se a situações diversas, empatia, resolução de problemas, raciocínio lógico, comunicação e linguagem. “Tudo isso vai complementar uma proposta curricular que atenda à BNCC (Base Nacional Comum Curricular), preparando em seus aspectos cognitivos, emocionais e sociais, formando para a vida e para o agora”, diz.
Sintonia com os acontecimentos
A metodologia de ensino para quem busca soluções didáticas deve estar em sintonia com acontecimentos e formas de trabalho adequadas ao tempo histórico, afirma a diretora pedagógica da Lourenço Castanho, Fábia Antunes. Ela diz que o material precisa ainda estar atualizado e sincronizado ao BNCC. Segundo Fábia, a escola precisa oferecer um ecossistema de soluções educacionais ativas e não apenas apostilas.
“O material deve acompanhar uma plataforma robusta e com diferentes recursos e soluções digitais que apoiem a aula dos professores e também atendam os alunos nas atividades a serem realizadas em casa”, comenta a diretora. De acordo com ela, os alunos têm diferentes habilidades e demandas para consolidar sua formação, e precisam contar com diferentes estratégias didáticas que atendam às suas particularidades.
Fábia acrescenta que a metodologia deve contemplar a cultura da escola, precisa ter abrangência nacional, mas também levar em conta as regionalidades. Ainda precisa oferecer apoio robusto à escola e à formação dos professores. “Material físico ou digital sozinho não resolve os desafios da escola ou promove o desenvolvimento necessário dos alunos. As melhores metodologias de ensino no Brasil têm os dois formatos”, afirma a diretora. Ela acrescenta que o ecossistema precisa ter soluções de avaliação, com respostas claras e eficientes ao professor, à escola, aos alunos.
Sobre o De Criança para Criança
O programa De Criança para Criança oferece um leque de metodologias de educação híbrida para escolas de todo o mundo. Do futuro para a escola, a proposta da startup é oferecer às crianças a oportunidade de serem protagonistas, colocando-as no centro da aprendizagem. Através de uma plataforma simples, os professores são orientados a serem mediadores, fazendo com que os próprios alunos desenvolvam conhecimento sobre temáticas diversas. A partir de discussões, constroem coletivamente histórias, fazem desenhos e gravam locuções relativas às narrativas criadas, que posteriormente serão transformadas em animações feitas pelo DCPC, expandindo os horizontes educacionais.
EncicloKids – enciclopédia de animações do DCPC
Sobre o Colégio Progresso Bilíngue
Fundado em Campinas em 1900, por um grupo de cafeicultores que queriam garantir às filhas acesso à formação de excelência, o Colégio Progresso caracterizou-se como uma escola forte desde a sua criação e logo passou a atender também às famílias dos grandes cafeicultores do Brasil, firmando-se como referência de colégio interno para meninas, leigo e progressista. Daí o nome, Progresso. Para além da excelência acadêmica, a escola garante a formação de valores humanos, que a diferenciam e colocam em perfeita sintonia com as exigências do mundo atual. Em 2017, a instituição implementou a formação Bilíngue, que está entre as 40 melhores do Brasil e 12ª melhor do Estado de São Paulo, de acordo com os resultados obtidos no ENEM 2019.
Sobre a Escola Lourenço Castanho
Oferece um projeto pedagógico inovador, que extrapola o trabalho com os conteúdos produzidos pelas grandes áreas do conhecimento, investindo também no desenvolvimento da autonomia e da crítica, na análise da dimensão social construída pelos estudantes e na vinculação com o saber. Ao longo dos anos, a Escola mantém o compromisso com seus princípios, consolidando a formação integral como a base de seu projeto pedagógico-educacional.
Por Matheus Teixeira