Estado ou condição do que é ou se encontra abandonado; desleixo, negligência.
Ato ou efeito de largar, de sair sem a intenção de voltar; afastamento.
Ultimamente temos o mundo bom e o ruim dentro de nossas casas e precisamos de companhia pois… muitas famílias ““abandonadas”, negligenciadas, não têm quem os “adote”, quem os ouça. É há muitos querendo falar e muito poucos querendo ouvir. A carência da “escuta” provoca a falta de diálogo, provoca as guerras.
Em pequenos sempre temos companhia, mas raramente nos escutam. Então me deram um cachorro, “Bolinha”. O relógio despertava a nós dois e ele derrubava a mamadeira e eu bebia. Tínhamos muito amor, não éramos abandonados. Durante a cruel pandemia que vivenciamos ganhei um cachorrinho que já fora devolvido duas vezes. Tinha medo de aproximação, mas me escolheu entre os quatro irmãos que latiam pedindo para serem adotados. Juninho Bleque.
Como sou escritora e estou terminando meu 20º livro, escrevi um 18º ao qual chamei “O Diário de Juninho Bleque” para ser lido a partir da pré adolescência.
Não sei como e o porquê, mas recentemente uma grande cadela de raça, peluda e levada, começou a entrar em casa sem pedir licença e corria para a vasilha de ração de meu JB; Logo atrás vinha outro, caramelo, que sorrateiramente entrava e se escondia debaixo do carro e a qualquer distração bebia água, pois sempre coloco água, comida e depois ele se escondia. A cadela, linda, eu posso mandar embora e ela vai. O caramelinho não, ele se esconde e, se vai, fica em volta, exposto aos perigos. SE acordo cedinho e levo JB a passear, vão atrás, me esperam numa esquina e não tenho coragem de recusar a companhia.
Coloco água do lado de fora sempre pois sem água esses animais podem desenvolver doenças graves e transmissíveis, como a raiva. Mas ambos querem comida e pelo jeito, são abandonados pois sabem se limpar inclusive e são obedientes. Ela se joga no mar e no rio. O rio está fechado “para obras” e sujo.
Mas sem condições já que, além da água e dividir a ração de meu JB, dei-lhes remédio para parasitas e vermes variados. São abandonados e assim, muitos cães que os “visitantes “ esquecem” na cidade. Não posso ficar com os dois “esquecidos” por inúmeros motivos e já pedi providências à autoridade local. Nada.
À cadela dei o nome de Kira e ela atende, mas o pessoal da porta da padaria, onde sempre nos encontramos, chamou-a Shakira. A ele dei o nome de Discreto. Mas não posso ficar com eles.
Abandono é isso, não ter com quem ficar, não ter pra onde voltar. E assim, nesse mundo de facilidades tecnológicas, poucos recursos nas mãos da maioria e muitos recursos para poucos, Juninho os busca na rua quando não chegam e fica com ciúme quando chegam; eu já não posso dividir o que tenho muito pouco, as autoridades são omissas e os bichinhos, até já idosos estão em toda parte. E eu peço a São Francisco de Assis proteção pra os animais que chamamos irracionais e conversão para os “racionais”. Peça comigo!
Um só é pingo d’água.
Não avança com firmeza
Unidos somos fortes
Somos todos correnteza!
Por Graça Andreatta( Fontes diversas Google./ Foto fonte br.freepik.com/fotos/cachorro-abandonado