No mês de março, quando comemoramos o Dia Internacional da Mulher, resolvemos homenagear uma mulher jovem, profissional, bem casada, dona de casa e prefeita do município mais rico da região Sul do Estado, Presidente Kennedy.
O fato de ser mulher e ocupar o mais alto cargo do município pode ser bem difícil em sua relação com secretários, vereadores e até mesmo a população. “É um desafio diário. Confesso que chego em casa e fico refletindo, meu Deus, será que eu deveria ser mais firme, por ser mulher? E acaba que eu sou mais dura ainda do que deveria, por reforçar esse lado sentimental, porque eu sou mais coração do que razão em determinadas circunstâncias. Acho que isso vem, não só do fato de ser mulher, mas da minha personalidade mesmo. Isso me faz sofrer um pouquinho, mas a experiência desses anos todos já me ajudou muito, diferente do primeiro ano de gestão. E as pessoas, os secretários que estão comigo principalmente, vão vendo isso, esse amadurecimento, meu com eles e com a população mesmo, e hoje a gente enfrenta isso de uma maneira muito mais fácil”, desabafa Amanda.
Superando o preconceito – “A sociedade tem uma credibilidade maior no público feminino. Isso vem muito das nossas atitudes também, porque se me comprometo com a população de executar tal ação eu estabeleço um prazo e dou um retorno, caso eu não consiga, ou dou uma satisfação. Acho que isso, na mulher, é mais fácil. Ela consegue gerenciar várias ações ao mesmo tempo, tendo a pessoa certa no lugar certo. O problema é quando isso não acontece, porque aí não dá certo”.
Evolução e amadurecimento – “Lá, no início, a ansiedade me fazia sofrer, porque tinham muitas coisas a serem resolvidas e a gente acaba sofrendo por ansiedade de não conseguir fazer tudo. Mas a maturidade nos ensina que não adianta a gente querer fazer tudo e sim fazer as coisas de forma gradativa, até mesmo para que o resultado venha seja eficaz. Isso só a experiência traz”.
Dificuldade – “A maior dificuldade é o preconceito que toda a região com Presidente Kennedy, em função do valor que nós temos em caixa. O fato de sermos o município mais rico faz com que a gente sofra o preconceito pelo dinheiro que a gente tem, pelo passado que o município passou. É uma dificuldade muito grande, porque é piada para todo lado. Você chega num evento e ouve ‘me empresta um dinheiro aí’, pensando que a gente tem dinheiro. E, por incrível que pareça, parece até ironia, mas é muito mais difícil você administrar com muito dinheiro do que com pouco. A responsabilidade é infinitamente maior”.
Recompensa – “O grande benefício é você fazer a diferença na vida das pessoas sem comprometer a sua integridade. Acho que isso compensa qualquer coisa. Quando as pessoas são gratas, o trabalho que você faz, pelo benefício coletivo e não pelo próprio. Mas isso ainda é muito primário na cabeça da população, pensar a coletividade, porque por mais que se venda o discurso coletivo, às vezes a gente encontra pessoas discursando em benefício próprio”.
“Minha maior recompensa é entrar no sétimo ano de mandato sabendo que eu não tenho nada que me comprometa, por mais que haja muita especulação. Eu sei que estou saindo de cabeça erguida e que eu cumpri o meu papel da melhor maneira que foi possível. Resolvendo as coisas de forma prioritária. É claro que eu não ia conseguir resolver todos os problemas do município, da deficiência de todos esses anos, mas eu estou conseguindo deixar muita coisa positiva na vida de cada um, com projetos que praticamente se auto sustentam”.
Recursos – “O valor que temos hoje, comparado a outros municípios da mesma capacidade financeira ou de capacidade parecida, a gente tem um fundo de aplicação que a gente trabalha com ele. Mesmo que os recursos dos royalties acabassem hoje, temos condições de continuar a aplicar esse recursos pelos próximos vinte anos. A gente ouve notícias de outras prefeituras que estão com o caixa zerado, que já gastaram tudo o que tiveram, e se for colocar na comparação, não se auto sustentam nos próximos anos”.
Agricultura – “Trabalhamos muito com planejamento, tanto na agricultura, que corresponde a 70% do município e que é onde temos que fazer investimento. A maior parte da nossa arrecadação própria vem da área rural, em 83%. Somos o maior produtor de leite do Espírito Santo e a gente investe muito nisso”.
“Há um preconceito de que a prefeitura distribui ração, mas um produtor rural de 64 anos, que a vida inteira produziu leite, que não sabe fazer outra coisa, e dá graças a Deus quando chega o benefício da ração, porque sem isso ele teria o sustento de cada dia. E, quando a gente atrasa por qualquer tipo de contratempo, ele tem que desembolsar R$ 2 mil, durante aquele período de três a quatro dias, para fazer a complementação, porque a prefeitura não conseguiu chegar a tempo. Então a gente vê como é necessário esse incentivo na agricultura, que é só um exemplo”.
Evoluindo – “Investir em tecnologia para gerar independência é um desafio muito grande também, porque as pessoa têm que evoluir de acordo com o que é proposto e essa mudança cultural é um desafio muito grande dentro da área rural. A gente também está trabalhando dentro da agroindústria. Já temos cem quilômetros de asfalto já executado, mais 63 agora para executar. Quando você leva a infraestrutura de asfalto para as pessoas terem acesso, você pode trabalhar o agroturismo dentro do turismo rural”.
Agroturismo – “Temos 35 feirantes que cada um tem a sua propriedade, por que é que lá não tem um pedacinho daquela produção que fique disponível para que as pessoas possa estar visitando. Quando o produto chega aqui na feira, as pessoas não têm noção da dimensão que é lá no campo. Não dá para trabalhar com um projeto astronômico, já que a cultura e a essência é outra”.
Sede – “O Fundesul é a grande ferramenta. Já estamos com R$ 1,5 milhão investidos. Temos depoimentos de comerciantes locais que estão ampliando seus negócios em quase três ou quatro vezes. Nossas expectativas é que nesse primeiro semestre as coisas evoluam de uma maneira mais ágil para esses grandes empreendimentos. Espero que essa questão da Vale não interfira na ferrovia nem no Porto Central. São relações que fogem ao nosso controle”.
Porto Central – “O José Maria, CEO do Porto Central, está negociando um acordo com um porto do norte do Estado, para juntar forças para reforçar as decisões políticas para a viabilidade do porto. Independente do porto, temos que fazer o nosso dever de casa e o Fundesul vai conseguir fomentar isso”.
A mulher – “Estou na crise dos trinta. Cheguei aos trinta sem conseguir atuar na minha profissão, sou enfermeira, não consegui empreender nada e não consegui ter o meu filho ainda. Mas o desgaste político emocional é muito grande. Você deixa de viver para você para viver para os outros. Você não tem horário para nada, você dorme preocupada, acorda preocupada. Você vai gerando aquele ciclo vicioso de desgaste. Com isso vão aparecendo problemas de tudo quanto é nível na parte de saúde, em função do stress e da má alimentação. Mas a gente tem que dar um jeito nisso”.
Oposição – “Quando a gente lida com pessoas, a gente tem que ter um psicológico muito bom, porque nem sempre as pessoas são receptivas ao que você entende que seja melhor, o interesse próprio é muito ruim nisso. As adversidades políticas também, grupos opositores, acabam trazendo situações que não trazem, relativamente, benefícios para a população. Agora estamos com o problema do orçamento. Esse segundo mandato da Câmara está gerando problema, porque a gente está perdendo um tempo como se a gente fosse o errado na situação. A gente dá a maior transparência nas nossas ações executadas, mas os interesse políticos pelo futuro de Presidente Kennedy interfere nos programas que a população deveria ter mais fácil acesso”.
Futuro – “Não tenho ambições políticas. Eu preciso parar pelo menos um ano para organizar a minha vida pessoal, para depois tentar viabilizar qualquer movimento. Não quero ficar afastada da minha cidade, isso é fato. Nem que seja um trabalho social, uma coisa que eu sempre fiz e é o que me dá prazer, levantar todos os dias e poder ajudar alguém, mas ainda não sei. Alguma coisa bem quietinha aqui, me movimentando na minha cidade”.
“Quero provar que instituições filantrópicas não dependem 100% da prefeitura. Eu vejo que o objetivo dessas instituições que são criadas é gerar sua fonte de arrecadação na prefeitura e não no foco final da instituição”,
“Quero só terminar meu mandato em paz, conseguindo executar o meu trabalho sem toda essa perseguição que há, pois a forma que a coisa é vendida para a população a gente não consegue ter o alcance de ficar explicando todo dia situações e não situações. Não posso reclamar, porque o cargo tem disso, mas a sensação é a de que a gente está enxugando gelo e não fazendo o trabalho que realmente deveríamos fazer. A gente acaba perdendo tempo com situações que são irrelevantes e que as pessoas acabam cobrando muito”,
“Mulher nunca está 100% realizada, mas 80% realizada, porque ainda tem muita coisa para fazer”, conclui Amanda