A expressão é um pouco forte, mas estamos cheios de “Burros Motivados” nas
empresas, igrejas, na vida, uma triste realidade cultural.
No artigo “Cuidado com os burros motivados” publicado pela revista Isto é, onde o
jornalista Camilo Vannuchi faz uma entrevista com o escritor Roberto Shinyashiki
sobre o livro Heróis de verdade, ele fala sobre o impacto desta cultura brasileira,
onde valorizamos mais as aparências do que a competência. Esse sistema de
recompensa que acaba privilegiando não ao mais competentes e eficientes.
Em um dado momento ele responde quando questionado quanto ao que acontece
se premiamos pessoas mal preparadas:
“Criamos pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm
capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. muitas
equipes precisam de motivação, mas o maior problema no brasil é competência. cuidado
com os burros motivados. há muita gente motivada fazendo besteira. não adianta você
assumir uma função para a qual não está preparado.”
As vezes não percebemos, mas uma forma muito comum de premiar as pessoas é
dando um cargo ou uma posição para uma pessoa despreparada, sem exigir que
esta pessoa se capacite antes de assumir. Se ela tem potencial, que desenvolva as
habilidades mínimas antes de assumir a posição. Entendemos que existe a
necessidade de escolher alguém, de delegar rapidamente a responsabilidade, mas
não pode ser a qualquer custo.
Partimos da ideia de que se uma pessoa muito inexperiente estiver com pessoas
experientes, automaticamente ela irá se desenvolver. Esta linha de pensamento só
faz sentido se as diferenças entre os níveis de conhecimento não forem muito
grandes, se colocarmos pessoas de níveis muito diferentes passaremos a ter duas
pessoas desmotivadas.
É preciso entender que não é em cima na pressão que vamos conseguir desenvolver
alguém. Se quer aprender, estude, pratique, e somente após provar que está
preparado assuma ou busque uma posição.
É claro que diante da falta de mão-de-obra, igrejas se abraçam ao que estiver a mão,
ignorando os perigos e impactos que terão sobre o crescimento destas pessoas.
Muitos músicos problemáticos, imaturos e com pouco conhecimento estão nos
púlpitos das igrejas, começaram do jeito errado e permanecem por lá.
As possibilidades do “burro motivado” são enormes, o mercado busca pessoas com
motivação, boa vontade, assim surgem profissionais cada vez menos capacitados e
que aumentam a rotatividade dos cargos. Cabe aos líderes amadurecerem e
tomarem a atitude de trabalhar estas pessoas, desenvolve-las e direcionar em suas
funções, objetivos e metas dentro da empresa, tudo de acordo com suas habilidades
e competências.
A coragem é fundamental na hora de encarar desafios, no entanto, sem preparo, é um
tiro no pé.
Por Imaculada Souza
REFERÊNCIA: https://istoe.com.br/12528_CUIDADO+COM+OS+BURROS+MOTIVADOS+/