Conversas entre servidores da UPA Guarapari vazadas e que ganharam as redes sociais, dando conta das péssimas condições de trabalho e falta de insumos e equipamentos, provocou autoridades e fez com que o Conselho Regional de Enfermagem (COREN-ES) entrasse no caso para defender os profissionais da área.
Esta é a segunda vez que o COREN-ES atende a reclamações dos profissionais quanto as condições de trabalho na UPA. Em abril deste ano, depois de diversas reclamações, com os enfermeiros relatando, entre outras irregularidades, a sobrecarga de trabalho que levava a equipe a total exaustão. Na ocasião foram constatadas várias irregularidades que levaram o órgão a notificar a prefeitura municipal de Guarapari. Porém, segundo a presidente do Coren-ES, as irregularidades não foram sanadas.
Irregularidades encontradas na vistoria em Abril de 2020
Segundo reportagem do site PolíticaES, os servidores estão sendo assediados pelos superiores. Os servidores informaram que sofrem assédio “velado” com frequência após criticarem e cobrarem medidas das gestão. Em uma das conversas a direção da UPA escreve que se os profissionais não estiverem se sentindo seguros que peçam transferência. A enfermeira Andressa Barcellos, presidente do COREN ES, garantiu rigor na apuração das denúncias. Caso comprovadas irregularidades, gestora da unidade poderá perder direito ao exercício profissional.
Após tomar ciência desta denúncia, a presidente do COREN disse: “Ninguém deve atuar em risco. Bombeiros, salva-vidas, nenhum outro profissional atua sem avaliar os riscos e se houver maiores riscos não realizam os procedimentos. O porquê que a enfermagem tem que se submeter a prestar assistência ao paciente se colocando em risco? Onde que está escrito isso?”
De acordo com a Andressa, o art. 22 do Código de Ética aprovado pela Resolução COFEN n° 564/2017 descreve que é direito do profissional de enfermagem se recusar a prestar assistência quando não tem condições.
O COREN orienta que nenhum profissional de enfermagem é obrigado a se submeter a assédio de nenhuma forma, que o profissional precisa de respeito para exercer a profissão e ressaltou que se o profissional de enfermagem estiver sofrendo qualquer tipo de assedio, que comunique o conselho para que o mesmo adote as providencias, pois assédio é inaceitável.
IRRESPONSABILIDADE
É uma irresponsabilidade de um gestor que está coordenando o serviço de saúde que teoricamente se diz estar ali para garantir saúde da população e dos profissionais. No momento que exige isso da equipe está cometendo um ato criminoso, isso é crime.
Além das conversas publicadas, há queixas de profissionais prejudicados devido ao afastamento do trabalho quando diagnosticados com Covid-19, o COREN afirma:
Isso é doença ocupacional. O profissional não pode ter sequer prejuízos financeiros em razão da doença. A chance desses 138 profissionais terem tido contato no ambiente de trabalho é enorme, nós vamos investigar.
NÚMERO DE CASOS CONFIRMADOS ENVOLVENDO PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Um dado alarmante e que causa muita preocupação para o Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo é a quantidade de profissionais de enfermagem diagnosticados com Covid-19.
As denuncias veiculadas fez com que o COREN realizasse levantamentos. Na data de ontem (29) Guarapari apresentou 907 casos confirmados, 38 óbitos e entre profissionais da saúde 138 casos. Disse Andressa.
Esse número de profissionais diagnosticados mostra a falta de treinamento normatizado pelo Ministério da Saúde, a falta de EPI’S adequados e explica que:
O profissional que atende as demandas de síndromes gripais não pode realizar outro procedimento em paciente que não tem, isso pode desenvolver a infecção cruzada.
Esses 138 casos estão intimamente relacionamentos com a falta de treinamento do manejo clínico, técnicas para coleta de exames de Covid-19, falta de EPI’s adequados entre outros.
É uma doença nova com mais interrogações do que certeza, o treinamento é obrigatório.
TESTAGEM
Andressa Barcellos finaliza apresentando a preocupação com os profissionais de saúde, pois de acordo com dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde – SESA, somente 70% da população está sendo testada e que apenas 69,14% dos profissionais de saúde estão testados.
Estamos falando de pessoas que estão lidando diretamente com casos de covid-19, o empregador não pode negligenciar.
Com muita tristeza, a Presidente do COREN ES citou que só na data de ontem (29), 20 profissionais de saúde morreram no Espírito Santo.
Andressa salienta ainda a importância de capacitar e investir na prevenção e que intervenções na atenção primária são necessárias para reduzir as emergências.
OBRIGAÇÃO MORAL X CONDIÇÕES
A nota técnica ° 23/2020 da SESA prevê que todos os trabalhadores profissionais da saúde sejam testados. Dos trabalhadores da saúde contaminados, 48% são profissionais de enfermagem.
A categoria profissional mais contaminada é a da saúde, e a enfermagem é primordial no atendimento, pois são eles quem aspiram, passam sonda, realizam testes, portanto é inadmissível o desrespeito ao profissional de enfermagem.
Observem os graves dados citados pela presidente do COREN ES de profissionais de saúde diagnosticados com Covid-19 no Espírito Santo:
O COREN afirmou que tomará as providências cabíveis e que acompanhará de perto a real situação dos profissionais de Enfermagem de Guarapari.
As péssimas condições de trabalho, além da situação de equipamentos e local de trabalho inapropriados.
Fonte: O Jornal