*por Vanuza Oliveira
Esbanjando energia, vitalidade, inteligência e criatividade, Paula Louzada Martins, atualmente à frente da Secretaria de Integração, Desenvolvimento e Gestão de Recursos de Anchieta, está sempre procurando novos desafios.
Natural de Rio Novo do Sul, filha de Sissi (Shirlete) e João Martins, Paula tem excelentes referências. “Somos uma família de seis mulheres, sete com a mamãe. Seis filhas, não temos nenhum irmão. Acho que esse fator foi muito importante para que a gente não tivesse essa separação: “Isso é de homem, isso é de mulher”, na divisão de tarefas, então, quando precisou, a gente ajudou o papai em atividades tecnicamente de homens e também ajudava mamãe nas tarefas domésticas”.
A família foi uma forte influência na formação de sua personalidade. “Tinha uma relação bastante boa, porque, quem conhece mamãe sabe o quanto que ela gosta de brincar, de contar história, então toda essa parte fez muito bem para nós. Acho que isso de ter irmãs que gostam muito disso, tem a ver com a nossa educação. E aí eu fico em Cachoeirinha, estudando na escola primaria, unidocente, que muitos criticam. As professoras moravam lá em casa, tinha toda uma relação muito boa com elas. Eu fui catequista na igreja de Cachoeirinha e fiquei ali até quatorze anos, quando entrei para o ginásio. A gente ia e voltava de carro, porque papai, na ocasião, fez essa opção para que a gente continuasse morando com eles. Íamos e voltávamos. As irmãs mais velhas já faziam magistério, e aí, quando fomos fazer a opção pelo que fazer no ensino médio, na hora eu falei: “Eu não quero ser professora e nem quero ir para a escola do MEPES, a escola agrícola lá de Olivânia”. E aí as duas coisas que eu disse não, foi exatamente as duas coisas que me acabei tornando. Abraçando enquanto profissão, enquanto amor. Foi o que me fez quem eu sou bastante hoje, Paula”, conta.
João Martins já estava envolvido com o Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo (Mepes), o que fez grande diferença nas decisões de Paula. “Na época o Mepes estava com dificuldades financeiras, não é que não esteja mais hoje, mas tinha salários atrasados dos monitores e precisavam de ex-alunos para fazerem um trabalho voluntário. Então, minhas irmãs (uma já estava trabalhando em Linhares, dando aula como Técnica Agrícola dos Polivalentes; a outra não topou a proposta), eu falei assim “É, eu vou”, e ali foi a minha descoberta, realmente, para a Educação. Ali que eu vi que eu realmente era uma educadora, foi ali que eu descobri que a educação é realização. Sem formação ainda, porque meu curso de ensino médio era elétrica, eu comecei dando aula nessa escola do Mepes, que era de supletivo. Uma menina ainda, com dezoito anos… os alunos eram até mais velhos do que eu, e à noite fui convidada também para dar aula na escola em Rio Novo, no Sul-Americano, e foi maravilhoso! E daí para cá nunca mais parei. No ano seguinte o Mepes me convida para fazer realmente parte do quadro de pessoal deles. Poderia continuar como monitora, lá em Rio Novo, ou vir para Anchieta, e eu fiz a opção de vir para Anchieta. Então, eu chego em Anchieta em 1983”.
Mepes
“Cheguei para assumir o setor de Administração Escolar, todo o processo de legalização de escolas, os contatos com o Conselho Municipal, as superintendências. Todo esse trabalho. Então eu percebi a necessidade de buscar a minha habilitação, onde eu fui fazer pedagogia, não por última opção, mas por escolha mesmo, já sabendo o que eu queria. Terminei o curso, e aí sim começo também dando aula em outras instituições. Eu não queria ser professora nem ir estudar no Mepes e acabei trabalhando no Mepes até me aposentar”, relata Paula, que assume suas posições. “Sendo professora e mepiana, independentemente de onde eu esteja, sou mepiana, defendo isso!”.
Paula descreve o que é ser mepiano. “Está no estatuto da entidade, mas o “ser” mepiano é ser essas pessoas que a questão do trabalho, não está diretamente relacionada à questão da remuneração. É o amor, é a causa. O que que o Mepes sempre nos ensinou foi a luta pelos mais necessitados, é a luta pelos mais carentes, e o agricultor, apesar de muitos acharem se enquadram aí. Nós não estamos falando de fazendeiro, nós estamos falando da agricultura familiar. Daquela família, ou vaqueiro, dessas pessoas que vivem, que residem ali no campo. Então é isso que é o ser Mepiano e essa luta pela justiça, valorizar aquela cultura. E, por opção, educar para a autonomia de escolher ficar no campo. A gente educa para a autonomia não quando você fala que é o meu propósito, você vai ter que ficar, não. Você vai dar oportunidade para que aquela pessoa fique, se assim ela desejar, e ela vai ser feliz, ela não vai ter vergonha de dizer que ela é dali. Eu nunca tive vergonha de dizer que eu sou filha de agricultora, que eu trabalhei na roça”, descreve.
A educação mepiana abre uma gama de opções ao aluno, sempre pensando em fixá-lo no campo. “Tem um leque de oportunidades. Então, quando a gente fala que o ser mepiano, é você estar trabalhando pelas pessoas, é a valorização das pessoas, com a causa, onde quer que você esteja, então eu defendo aquela instituição. Por isso que eu me sinto mepiana, não a instituição pela instituição, mas pelo que ela se propõe e o que ela faz. É trabalhar com a promoção humana. Então eu acho que ser mepiano é isso daí, é trabalhar com a promoção humana”, relata Paula.
Política
Foi ali que Paula deu seus primeiros passos na política. “Foi assim que eu comecei e foi aí que eu conheço também, dentro do Mepes, Edival Petri, que era mepiano e ainda é, porque somos imortais. Falo do legado que a gente deixa. O que Edival deixou de ensinamentos, de vivência, isso se mantém, se perpetua. E enquanto a gente lembra das pessoas e aquilo que ele fez permanece aí, então ele está vivo”.
Com Edival que ela se descobriu um ser político. “Inicialmente fizemos uma viagem de estudo, eu pelo MEPES e ele com um grupo de agricultores. Fomos ao sul do País e, depois, ele veio atuar mais próximo da gente. Dali que nasceu o convite para eu vir para a Secretaria de Educação na gestão dele e, mais adiante, ele faz o convite depois para eu vir na composição da chapa como vice-prefeita dele”, diz Paula.
“Tínhamos uma afinidade muito grande, até talvez pelas próprias identidades. Nós dois do campo, nós dois mepianos, nós dois educadores, então a gente pensava muita coisa igual, nós dois gostando muito de gente, de pessoas. É lógico que, para mim, foi uma surpresa, porque, apesar de ser filha de um político – que papai é tudo, né, ele é agricultor, ele é político, comunitário, é escritor, compositor e assim vai. Mas, eu nunca tinha sido candidata nem à vereadora. Fui membro de associação, membro de grupos… quando cheguei aqui em Anchieta logo fui fazer parte da Associação do Porto de Cima, fiquei no grupo de teatro do município, no grupo de jovens aqui da Praça São Pedro. Isso é da gente mesmo, de comunidade, de estar participando e dando continuidade àquilo que a gente já fazia também lá em Rio Novo. Então, veio esse convite. Eu nunca tinha pensado na questão político-partidária. Eu acho que assim, enquanto política a gente tem um compromisso grande, mas político-partidária… quando ele me convidou, achei interessante o convite, e vindo dele. Se ele achava que era uma boa… Aí eu pedi só para dar a resposta no outro dia, que aí eu queria conversar com o meu marido, porque eu acompanhei papai e acompanhei muitos outros políticos, inclusive o próprio Edival, e eu sei o quanto que entrar na política demanda. É uma entrega, né? Então demanda muito tempo”, conta Paula.
Para ela, família é tudo. “E aí, se a família não estiver junto… lá em casa sempre estivemos ao lado de papai, mesmo que naquele momento a gente achasse que ele não deveria se candidatar, mas, do momento que ele se coloca e o grupo solicita, estamos todos com papai. Mamãe e todas as filhas. Então eu disse que tinha que conversar com o meu marido, o Aelson (Magnago de Oliveira), que deu o OK. E aí começamos a campanha, e é uma coisa, assim, acho que todos nós deveríamos participar de uma campanha. É algo muito gratificante, são momentos muitos felizes que eu vivi. Você sente esse acolhimento, é você ser abraçada, você entende? É uma energia, você nos eventos políticos, aquelas festas assim, não é a mesma coisa, mas quando você faz um evento ou quando as pessoas estão com você”.
Edival Petri estava numa administração altamente avaliada. “Então, talvez, a ele me escolher… Não sei, talvez eu não tivesse um capital político, mas, talvez, por eu ser uma pessoa leve, uma pessoa que tinha também objetivos muitos em comum”.
Então, a vitória nas eleições. “Fomos hesitosos e eu já vinha na educação com ele há quatro anos, e lá eu me mantive, ele perguntou se eu queria exercer, ao lado dele, no gabinete o cargo de vice. Eu preferi ficar na educação, porque eu gosto de coisas bem objetivas, eu gosto de ter objetivos concretos. No gabinete eu fiquei um pouco preocupada de não ter um foco, um trabalho um pouco mais específico. Então, daí a um ano e um pouco de trabalho, ele me faz uma proposta para coordenar a reforma administrativa da prefeitura. Aí sim, eu me afastei por um ano, mais ou menos, da educação. Depois retornei para a educação e, mais à frente, me convidaram novamente. Eu já tinha tido um acordo com ele de que eu não gostaria, jamais, de sucedê-lo. Não tinha e não tenho essa pretensão, porque eu vejo que, o prefeito, quando ele assume e assume de fato. Tem que abrir mão de muita coisa. Você deixa de ser você, para você ser de todo mundo”, explica Paula.
Fabrício Petri
Ela também compartilhou a política com o filho de Edival, Fabrício, que está na condição de prefeito reeleito. “Quatro anos… Agora vamos para mais quatro! E assim a gente vai. Eu vejo assim, eu tenho gosto de contribuir, me esforço bastante, quem trabalha comigo sabe que eu sou uma pessoa que tem propósito, que tem objetivo, corro atrás daquilo que foi estabelecido, sou proativa e eu não perco as oportunidades. Quando Fabrício chegou na administração ele me fez o convite pra compor a equipe, fiquei com ele na Secretaria de Governo, eu acho que foi muito bom pela minha experiência e porque eu tenho uma boa articulação com todos os secretários. A gente tem uma boa articulação. Fui para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, onde estou agora, ainda, neste segundo mandato. Essa é um pouco da minha vida, a trajetória profissional”.
Proativa buscando aprendizado
Paula sempre pensou um passo à frente. “Eu falo sempre com as pessoas que trabalham comigo: você foi contratado para ligar e desligar o ar, mas se alguém falar “dá pra você fechar a cortina?”, feche a cortina, você vai aprender mais uma coisa. E assim foi comigo no Mepes. Eu cheguei voluntária, eu poderia ficar apenas na salinha de aula, aquela coisinha, mas não. Eu fui ver o que que os monitores faziam, eu fui para horta, eu fui para a biblioteca que naquele período não tinha ninguém na secretaria, eu aprendi trabalhos na secretaria, enfim… Um mundo de coisas. Todos nós temos que ensinar a quem chega para trabalhar. Eu tive pessoas que me ensinaram: meu pai e minha mãe me ensinaram muito, depois, mais à frente, o diretor da escola de Rio Novo, que foi o primeiro trabalho meu assim fora de casa, o falecido Renato Vailante, monitor do Mepes, ele me ensinou também. Depois, quando eu venho para o escritório, o próprio Anchieta Pompermayer foi meu grande professor, também. O Anchieta me ensinou a questão da redação, correções e me deram a oportunidade de ser a secretária adjunta da Junta Diretora do MEPES, que é a instância máxima da instituição. E depois, quando eu vim pra Prefeitura, Edival também foi um outro grande professor”.
Empoderando as mulheres
“Cada pessoa é uma pessoa, mas eu sou uma pessoa que acredito muito em mim, no meu potencial. Mesmo que algumas pessoas vão falar que “você é louca, você vai assumir?”, vou! Vou assumir, mas quando você assume não é que você se garante pelo que você já tem, você corre para aprender aquilo que precisa para chegar aonde você está. Eu vou conseguir, então eu sou uma pessoa determinada. Segundo: não perca as oportunidades, sejam elas voluntárias, sejam elas sociais, esteja presente, participe! Participe dos conselhos, de associação, porque essas instâncias, coletivas, sociais, elas te dão oportunidade. Você conhece pessoas e você cresce. Você aprende a falar, você aprende a participar. Então eu acho assim, que as oportunidades, isso eu aprendi muito com papai e ele sempre falou: Filha, não perca as oportunidades. E as oportunidades, muitas vezes, você pensa que é uma obrigação, mas ao contrário, é um momento de aprendizagem, é ali que você vai ter a porta se abrindo as vezes para você trabalhar. E, independente da nossa função, ninguém é mais, ninguém é menos e todo mundo para chegar aonde chegou sabe o que ele passou. Tenha certeza de que nada vem de graça. Sei que as oportunidades de vida elas não são as mesmas para todos, a gente sabe. Contudo, as oportunidades existem. Então hoje, transporte está em todas as comunidades pra quem quiser estudar. Como mulher, que a gente evite o máximo de reproduzir essa sociedade machista, castradora. Porque, grande parte do tempo da criança, é a mãe que está com ela. Até porque, mesmo que ela trabalhe fora de casa, à noite, quando o marido chega, geralmente ele vai fazer outras coisas e é a ela ainda que cabe à tarefa de arrumar a casa, fazer jantar… então, se a gente quer mudar, a mulher tem um papel assim, que eu vejo, muito grande de transformação, de mudança. Até porque eu sinto que nós somos pessoas mais flexíveis do que os homens. O papel da mulher é muito importante. Em qualquer local que ela esteja, o papel dela é muito importante”, conclui Paula Louzada.
Parabéns pela linda trajetória! Suas conquistas são mais que merecidas!
Este relato é um pouco de uma da casa das sete mulheres,eu sou a segunda e Paula a quinta.Imaginem todas juntas?
Parabéns irmã pelo que vc é ,pelo o que faz e ainda fará.
Essa é uma história de vida que merece ser compartilhada… Motiva a gente,! Parabéns ao jornal ????
História linda parabéns.
Linda a história parabéns
Parabéns Prima! Exemplo de mulher, filha, esposa política e principalmente educadora. Obrigado por participar a sua trajetória como incentivo aos demais primeiramente as mulheres. Grande abraço
Um excelente pessoa! Parabéns pela trajetória!
Parabéns Paula.
Pelas suas potencialidades e dos seus empoderamentos, de ser protagonista da própria história e acreditar que existe mulheres capazes de buscar o que almeja e tornar seus sonhos em realidade. Deus abençoe sua trajetória, que continue sempre a Mulher que É.