Três novas espécies de plantas nativas da Mata Atlântica foram identificadas em Linhares (ES). Duas delas foram descobertas dentro da Reserva Natural Vale e outra foi encontrada nas proximidades do baixo Rio Doce, que faz parte da floresta de tabuleiro. Com elas, sobe para 159 espécies identificadas e catalogadas com a participação da equipe de pesquisadores da reserva.
Duas das plantas fazem parte da família das Marantaceae, conhecidas como Marantas ou Caetés, e exigiram mais de 20 anos de estudos. Elas possuem até 80 centímetros de altura e precisam de pouca incidência da luz para se desenvolver, preferindo sombra ou meia-sombra. As marantas florescem entre dezembro e fevereiro, com flores claras e esbranquiçadas.
A descrição foi feita pelo professor Dr. João Marcelo Alvarenga Braga e Fernanda Ribeiro de Mello Fraga, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Elas receberam os nomes de Saranthe rufopilosa e Ctenanthe brevibractea (Caeté-joelho e Caeté-vermelho, popularmente).
“A cada descoberta ampliamos o conhecimento sobre a biodiversidade da Mata Atlântica. Como são plantas recém descritas, futuramente os pesquisadores podem estudar critérios para sua conservação e preservação ou mesmo indicações de uso. Pelas características identificadas inicialmente, tem potencial para ornamentação, assim como outras da mesma família”, diz Márcio Santos, gerente da Reserva Natural Vale
O Caeté Vermelho pode ser encontrado na Reserva Natural Vale. Foto: Sarah Johnson
Espécie da família do jiló é encontrada na floresta de tabuleiro
Uma terceira espécie foi identificada na proximidade da Reserva Natural Vale, nos fragmentos de floresta de tabuleiro, em Linhares, no baixo Rio Doce. Ela é do gênero Solanum, da mesma família do jiló, do tomate, e da berinjela. “Só duas amostras dessa planta foram coletadas até hoje, com diferença de 200 anos entre a primeira e a segunda coleta. A Reserva Natural Vale com intercambio e parcerias com as instituições de pesquisas, enviou amostras da planta para estudos, assim os pesquisadores tomaram conhecimento que se tratava de uma nova espécie”, diz Márcio.
A coleta do material foi feita pelo parabotânico Domingos Antônio Folli e depositada no acervo do herbário da Reserva Natural Vale. Participaram da descrição Sandra Knapp, do Museu de História Natural em Londres, Yuri F. Gouvêa, da Universidade Federal de Minas Gerais, e Leandro L. Giacomin, da Universidade Federal da Paraíba. A planta recebeu o nome de Solanum phrixothrix.
Sobre a Reserva Natural Vale
Com aproximadamente 23 mil hectares, a Reserva é uma das maiores áreas protegidas de Mata Atlântica do país. A área contribui para a conservação da floresta de tabuleiro, uma das formações mais ameaçadas do bioma. O local abriga atividades de sensibilização ambiental, projetos de uso sustentável de recursos naturais e pesquisas científicas voltadas para conservação. Também atua como Jardim Botânico, sendo parte integrante da Rede Brasileira de Jardins Botânicos.
por: Carla Nascimento