Presidente da comissão ressaltou o potencial turístico da areia monazítica / Foto: Lucas Silva
Um estudo sobre as propriedades medicinais das areias monazíticas encontradas em praias capixabas foi apresentado à Comissão de Turismo nesta segunda-feira (16). Os convidados foram os professores doutores em Ciências Farmacêuticas Denise Coutinho Endringer e Márcio Fronza, que coordenam o Projeto Areias da Saúde na Grande Vitória.
Segundo eles, o estudo, que teve início em 2019 e atende 150 pessoas, é desenvolvido pelo Movimento Capixaba de Renovação em parceria com a Universidade de Vila Velha (UVV). O trabalho avalia os efeitos desse tipo de areia encontrada nas praias de Guarapari e de Itaparica no tratamento de pacientes com osteoartrose do joelho.
A osteoartrose não tem cura, mas o tratamento apresentou bons resultados na diminuição da dor e melhoria da mobilidade dos voluntários. O atendimento aos pacientes é realizado duas vezes por semana e cada sessão dura 30 minutos, com os joelhos submersos nas areias. Cada paciente recebe acompanhamento, avaliação clínica, exames de sangue e avaliação de quadro depressivo e de ansiedade. Além disso, são disponibilizados transporte e lanche.
Para participar, o candidato deve ter entre 40 e 80 anos e não apresentar histórico de cirurgia ou fratura no joelho, não ter feito tratamento para o joelho com metotrexato ou infiltração na região nos últimos 6 meses e não sofrer de distúrbios hemorrágicos, obesidade mórbida, transtorno psiquiátrico grave e câncer de pele.
Resultados
De acordo com os pesquisadores, os pacientes submetidos ao contato prolongado com as areias dessas duas praias apresentaram redução de 15% na inflamação, 25% na dor local e 42% menos de rigidez na cartilagem. Eles também relataram redução de 17% das dores corporais.
Os pesquisadores alertam, porém, que a areia monazítica é eficaz apenas quando o indivíduo frequenta a praia. “Há inúmeros casos de pessoas, principalmente turistas, que levam certa quantidade dessas areias para casa com o objetivo de ter os benefícios desse material. Isso não é recomendado, pois os efeitos só são possíveis quando a areia está ali, na praia. Quando retirada, suas propriedades desaparecem em apenas três segundos”, esclareceu Denise.
Turismo
Assim como no Espírito Santo, as areias monazíticas são encontradas em outras três praias do planeta: Espanha, China e Nigéria. Nenhuma delas apresenta concentração de radioatividade de tório igual ou superior à encontrada na Praia da Areia Preta, em Guarapari, que ultrapassa 55 mil. Porém, em todos esses países, as potencialidades das areias são exploradas comercialmente.
Os coordenadores do projeto acreditam que o conhecimento científico sobre seus efeitos benéficos para a saúde poderá incentivar o turismo local. “Mesmo com baixíssima concentração do material, esses países utilizam a radioatividade nas praias para atrair turistas que lotam esses locais em busca dos benefícios desses minerais. O Espírito Santo precisa fomentar esse segmento turístico e atrair mais receita para o Estado”, afirmou Fronza.
Dono de um hotel na praia de Iriri, em Anchieta, o empresário Rafael Ferrari destacou a importância de conscientizar comerciantes, moradores e turistas quanto à preservação das condições de higiene das areias.
“É comum ver pessoas limpando as mesas e jogando os restos de comida e outros objetos diretamente na areia. Pessoas com animais na praia também contribuem para a contaminação. Se mantivermos a qualidade das nossas praias, conseguiremos atrair um fluxo maior de turistas. É preciso mais empenho para essa conscientização”, afirmou.
Areias monazíticas
São areias consideradas raras por serem encontradas em apenas cinco locais no planeta. Elas apresentam alta concentração de minerais pesados como monazita; um minério constituído por fosfato de cério, tório e urânio. A junção do tório com urânio promove a radioatividade benigna, que pode ser utilizada em terapias diversas.
“Guarapari tem as areias com a maior concentração desses minerais em todo o mundo. Precisamos fomentar esse potencial para que não apenas o município, mas o Espírito Santo se torne um destino de referência para quem procura esse tipo de tratamento”, afirmou o presidente do colegiado, deputado Carlos Von (Avante). O vice-presidente da Comissão, deputado Torino Marques (PSL) também participou do encontro.
Excelente orientação.
Temos ao nosso alcance e são poucos que usufruem desta medicação natural.
Os estrangeiros dão mais valor do que nós.
Vamos concientizar as pessoas e tb os funcionários dos locais de degustação para deixarem as sobras de alimentos nas sacolas e não na areia. TB cuidarem dos animais.M